Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

domingo, 29 de novembro de 2009


Soneto à Lua
       
Por que tens, por que tens olhos escuros       
E mãos lânguidas, loucas e sem fim       
Quem és, que és tu, não eu, e estás em mim       
Impuro, como o bem que está nos puros?
Que paixão fez-te os lábios tão maduros       
Num rosto como o teu criança assim       
Quem te criou tão boa para o ruim       
E tão fatal para os meus versos duros?
Fugaz, com que direito tens-me presa       
A alma que por ti soluça nua       
E não é Tatiana nem Tereza:
E és tampouco a mulher que anda na rua       
Vagabunda, patética, indefesa       
Ó minha branca e pequenina lua!
Vinícius de Moraes, Rio, 1938

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