Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

domingo, 16 de agosto de 2009

Conversinhas.


Um texto de Mabon em plena energia de Imbolc?
É isso aí, somando minha desorganização virginiana anormal e os desajustes com o reino do Senhor Saturno, resulta nesse pequeno atraso....contudo, vamos ser positivos, daqui até Mabon, há bastante tempo para aprender a ter intimidade com o ritual das folhas secas, e quando o equinócio chegar ele vai estar um velho e adorável conhecido....um bom futuro Mabon à todos.
Bençãos dos Antigos!
Breve vou postar o texto que escrevi sob a energia de Litha, esse vai ficar mais atrasado mas, brincando, brincando, não demora o equinócio de verão estará aí e, as idéias estarão fresquinhas.
Um grande beijo aos meus visitantes.
Luma Elora Aislin.

O Ritual das Folhas Secas. Parte I.




O ritual das folhas secas.

Começo no sabá de Mabon, a trabalhar com a energia simbólica das folhas secas.
Na natureza, quando chega o outono, elas são o simbolismo mais forte a mais evidente de tudo que termina. Aquilo que um dia foi, agora agoniza lentamente, nas folhas de outono, os términos assumem uma forma de beleza mágica muito poética. Pisar sobre um tapete de folhas secas, olhar a copa das árvores e vê-las tingidas do amarelo ao vermelho, de algumas folhas, depois, chegando tudo ao bege e ao marrom.
Pelo simbolismo das cores observamos que o fim chega carregado de sabedoria, de alegria, de força e vitalidade, há paixão e calor e quando isso ocorre, há entrega.
As árvores se entregam a mãe terra e existem nas mesmas, as folhas e as sementes, tudo vai definhar e quedar ao solo, retornar assim ao corpo da mãe, para finalizar mais um ciclo e a sabedoria, e a alegria, decorre do registro de conhecimento de que essa entrega de finalização, é o início da renovação, um círculo mágico de nascer, crescer, viver, morrer e transmutar, para renascer, e tudo gira.
O sol cálido do outono, o vento que sopra, as folhas que fazem redemoinhos, são como danças sagradas, a comemorar o que há de vir, onde o vento, é a orquestra divina, e sua voz, doce canção a embalar a coreografia dançante das folhas... Lá vão elas rodopiando, rolando, voando, as folhas, agora, estão libertas da árvore, podem em fim, empreender uma viagem, podem vislumbrar outras coisas, que não tenha, um dia, se aproximado da árvore, durante seu esplendor vital.
É assim, no apagar das luzes, que as folhas ainda colhem mais sabedoria, quem sabe, ao pisar romanticamente sobre as folhas de outono, levando na mente e no coração, uma dor imensa, você se sente só e triste e se sente bem em assim caminhar, sente que sobre as folhas, seu sentimento encontra ressonância, que a paisagem lhe acolhe, “combina com seu estado de espírito”, e muitas vezes, volta para casa e para o mundo, renovada, mais aliviada, com mais estímulo para resolver o que quer que lhe apertava o coração. Pois, saiba que você não estava só, uma legião de amigas, lhes fez companhia, elas conheceram sua dor, sentiram a sua tristeza e reagiram a isso, como sempre fazem, em sua sabedoria, as folhas acolhem, confraternizam, oferecem alento, de quebra uma linda paisagem, rsrsrsrs, e isso porque a natureza vibra amor, e é com amor que trilham seus caminhos.
Talvez seja por isso que as tardes de outono sejam tão melancólicas e as manhãs são suaves em seu frescor matinal,onde o sol abandonou seu brilho de festa, para dar lugar a um delicado dourado, e bem cedinho, começam as névoas, protetoras de segredos e magias.





Assim as folhas de outono são elementos sagrados a serem honrados, e dão aos próximos rituais uma presença mágica muito especial.
Ao começarem a cair as primeiras folhas outonais, vou começando a juntá-las, uma aqui, um punhado ali, ora avisto um galho bonito que quebrou, recolho e deixo a espera, e assim, quando chega Mabon, tenho folhas suficientes para formar um tapete no interior do círculo, seja na natureza, e principalmente se for dentro de casa.
Sabemos que na natureza lá estarão outras folhas, mas essas folhas que recolhi, que serão depositadas ao solo, ritualisticamente, carregam seu significado de forma consciente e é essa consciência que trazemos para dentro de nós. Trazemos para nossa vida, essa sabedoria de transitoriedade continuada, circular, entendemos que um ano terrestre reflete uma realidade maior, e que cada estação nasce e morre todo ano, mas que sempre retornam, e assim somos nós, vivemos ao longo do ano aberturas e fechamentos, inícios e términos e estamos constantemente no movimento do findar e do recomeçar. Devemos ao longo da vida aprender a lidar com essa energia dançante, deixando partir o que já está desfalecendo e assim, abrir lugar para algo novo que vai chegar.
São na verdade aprendizados de morte e renascimento. São pequenas frações que nos fazem lembrar que essa vida é um fragmento de estação, somos agora, cada um de nós folhas verdes, presas a árvore da vida, e que ao chegar ao outono, cairão e terminada essa fase, repousaremos e renascemos para uma próxima. Quando morta a folha, sua desintegração no corpo da terra, ela não está visível para nós, mas, ela está plena de vida em essência, ela retornou a mãe e agora faz parte da grande geradora da vida, e após algum tempo ela vai renascer em mais uma folhinha filhote. É um sincrônico movimento entre dois mundos, os dois divinos, mágicos, os dois são caminhos que temos que percorrer, por quê? Bem, isso eu não sei, mas sei que assim é....... Isso, são o que chamamos de os mistérios, e sem eles que graça teria o desvendar gradativo do crescer.

O Ritual das Folhas Secas. Parte II.





Realizando um ritual com folhas secas


Vá coletando folhas verdes caídas, podadas, as que começam a cair (deixem que sequem), as já secas que jazem no chão (já às vésperas do equinócio).
No dia do Sabá, depois de determinada a área, limpe e purifique, monte o altar e ao lado deposite o recipiente com as folhas no chão. Se o altar estiver em algum móvel, que não for a nível do chão, coloque o recipiente no chão, em frente ao altar.






Depois de formar o círculo mágico e forem aberto os portais, vá até seu altar, pegue o recipiente, consagre as folhas aos Deuses, agradeça aos guardiões pelas mesmas, e circulando em sentido horário, vá esparramando-as pelo chão. As velas dos portais e as velas do altar, já deverão estar acessas, nessa ordem, dos guardiões, da Deusa, do Deus, a que representa o Sabá, abençoe e consagre seu altar, como de costume, então proceda a purificação, consagração e a benção das folhas, faça isso borrifando água com sal e incensando, também pode colocar sobre elas um pequeno punhado de terra.
Uma vez depositadas ao solo, invoque o Deus e a Deusa (eu gosto de invocar primeiro o Deus e depois a Deusa, é uma questão de gosto pessoal). Nesse momento apresente aos Deuses suas folhas, diga a eles por que é que elas estão ali, qual sua intenção ao trazê-las ao ritual.
Antes, enquanto rodava e depositava as folhas você é livre para declamar um pequeno poema que fez, ou que acho bonito, pode ser uns quatro versos rimados, você estará ativando o “ser folha” e estabelecendo uma relação mágica, será nesse momento que sua mente mágica formará um elo com o universo das folhas e as energias outonais, ou seja de Mabon.
Depois de apresentar as folhas aos Deuses, proceda como de costume ao seu Sabá da Mabon, porém reserve um tempo para uma meditação com as folhas secas.
Onde você vai deitar sobre elas, pegar um punhado, que vai estar separado também aos pés do altar, ou junte um punhado do chão, como se as tivesse colhendo novamente. Deite, e com as folhas entre as mãos, vá relaxando seu corpo e sua mente, pense que ensinamento você está precisando aprender, o que você precisa encerrar em sua vida, tem alguma coisa que precisa “secar” e ir adiante? Pois bem, defina o quê ou o “quês”, visualize-as transformando-se em folhas e secando, nesse momento, segure firme suas folhas, elas após isso, passarão a “ser” aquilo que quer você quer que se vá.


Sinta em suas mãos o término e deixe partir.
Entregue então, estas folhas, as salamandras se houver fogueira, jogue no fogo, evocando as salamandras e seus poderes mágicos de transformação, para que se junto a sua intenção, que pode ser repetida em voz alta, uma, duas, quantas vezes quiser, enquanto o fogo de Agni consome as folhas ( pode cantar para Agni, é muito recomendado o canto, sempre). O fogo pode ser feito em seu caldeirão, ou outro recipiente, que tenha para queimar folhas. Então, aconselho que já tenha preparado onde largar as folhas, enquanto coloca álcool e acende o caldeirão. Ou ainda pode ser uma vela destinada a isso, acender na vela do altar, a sabática, fixar no recipiente e aos poucos ir queimando as folhas nas velas. As cinzas dessas folhas, deverão ser postas na natureza, de forma ritualística (vá soprando-as e repetindo suas intenções, dessa vez aos seres do ar, e pedindo também aos seres da terra e da água, que as receba.
Outro punhado de folhas, das que estavam no chão, podem também serem queimadas, se na fogueira, recolha um pouco das cinzas que sobraram, se no caldeirão ou na vela, coloque nessas cinzas de folhas queimadas, o pó dos incensos queimados e um pouco de terra fina. Se a mistura não ficar muito fina, você pode triturá-la depois, o importante é que fique um pó bem fininho, pois esse será seu pó mágico de términos, sempre que precise terminar alguma coisa na sua vida e queira mandar adiante, e ver que está com dificuldades, “molhe” seu dedo indicador da mão dominante no pó e esfregue sua testa, na região do terceiro olho, faça círculos leves, enquanto recita os versos ritualísticos ou outro que tenha criado, especificamente para términos, faça isso visualizado o fim, o término do que precisa e aquela energia seguindo o seu próprio caminho.





Vou dar um exemplo: Você precisa concluir um determinado trabalho, como por exemplo, uma monografia, use o pó, crie um verso específico, pequeno, singelo,, enquanto recita o mesmo, vá circulando o terceiro olho, que estimulado, visualiza realizada a sua intenção, “veja” a monografia pronta, sinta-a sendo recebida pelo professor, vá mais longe, sinta que fez um bom trabalho, que está recebendo uma boa nota, “veja” seu professor elogiando seu trabalho, sinta prazer nisso, vibre com alegria, e sobretudo, vá a luta!
Está muito ruim? Faça um pequeno saquinho coloque nele um pouco de pó junto com seu desejo escrito, e use-o junto com você. Ele vai funcionar como um deflagrador de sua intenção, seu lembrete, sua cola, afinal você quer terminar seu trabalho.
As folhas secas que ficaram no chão, se na natureza, aí ficam, se no chão de casa, serão recolhidas e entregues a natureza para que sigam seu curso. Contudo, eu particularmente dou segmento com o uso das folhas, e você se assim quiser, e não ter facilidade para juntar mais folhas, poderá ser guardadas e no período entre os rituais se puder juntar mais algumas é só colocar junto, às vezes, perdemos muitas folhas, que ficam trituradas pelo nosso movimento, então, repor um pouco é interessante. Porque eu digo isso? Porque no Sabá de Yule eu volto a me utilizar dessas queridas amigas.
Que abençoado seja seu Mabon.
Que abençoado seja seu contato com as folhas de outono, que elas possam trazer à sua vida, a sabedoria dos términos, para acontecer um alegre futuro renascimento.

Awém!
13/03/09, sexta de lua cheia.
Luma Elora Aislin.