Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

domingo, 16 de agosto de 2009

O Ritual das Folhas Secas. Parte I.




O ritual das folhas secas.

Começo no sabá de Mabon, a trabalhar com a energia simbólica das folhas secas.
Na natureza, quando chega o outono, elas são o simbolismo mais forte a mais evidente de tudo que termina. Aquilo que um dia foi, agora agoniza lentamente, nas folhas de outono, os términos assumem uma forma de beleza mágica muito poética. Pisar sobre um tapete de folhas secas, olhar a copa das árvores e vê-las tingidas do amarelo ao vermelho, de algumas folhas, depois, chegando tudo ao bege e ao marrom.
Pelo simbolismo das cores observamos que o fim chega carregado de sabedoria, de alegria, de força e vitalidade, há paixão e calor e quando isso ocorre, há entrega.
As árvores se entregam a mãe terra e existem nas mesmas, as folhas e as sementes, tudo vai definhar e quedar ao solo, retornar assim ao corpo da mãe, para finalizar mais um ciclo e a sabedoria, e a alegria, decorre do registro de conhecimento de que essa entrega de finalização, é o início da renovação, um círculo mágico de nascer, crescer, viver, morrer e transmutar, para renascer, e tudo gira.
O sol cálido do outono, o vento que sopra, as folhas que fazem redemoinhos, são como danças sagradas, a comemorar o que há de vir, onde o vento, é a orquestra divina, e sua voz, doce canção a embalar a coreografia dançante das folhas... Lá vão elas rodopiando, rolando, voando, as folhas, agora, estão libertas da árvore, podem em fim, empreender uma viagem, podem vislumbrar outras coisas, que não tenha, um dia, se aproximado da árvore, durante seu esplendor vital.
É assim, no apagar das luzes, que as folhas ainda colhem mais sabedoria, quem sabe, ao pisar romanticamente sobre as folhas de outono, levando na mente e no coração, uma dor imensa, você se sente só e triste e se sente bem em assim caminhar, sente que sobre as folhas, seu sentimento encontra ressonância, que a paisagem lhe acolhe, “combina com seu estado de espírito”, e muitas vezes, volta para casa e para o mundo, renovada, mais aliviada, com mais estímulo para resolver o que quer que lhe apertava o coração. Pois, saiba que você não estava só, uma legião de amigas, lhes fez companhia, elas conheceram sua dor, sentiram a sua tristeza e reagiram a isso, como sempre fazem, em sua sabedoria, as folhas acolhem, confraternizam, oferecem alento, de quebra uma linda paisagem, rsrsrsrs, e isso porque a natureza vibra amor, e é com amor que trilham seus caminhos.
Talvez seja por isso que as tardes de outono sejam tão melancólicas e as manhãs são suaves em seu frescor matinal,onde o sol abandonou seu brilho de festa, para dar lugar a um delicado dourado, e bem cedinho, começam as névoas, protetoras de segredos e magias.





Assim as folhas de outono são elementos sagrados a serem honrados, e dão aos próximos rituais uma presença mágica muito especial.
Ao começarem a cair as primeiras folhas outonais, vou começando a juntá-las, uma aqui, um punhado ali, ora avisto um galho bonito que quebrou, recolho e deixo a espera, e assim, quando chega Mabon, tenho folhas suficientes para formar um tapete no interior do círculo, seja na natureza, e principalmente se for dentro de casa.
Sabemos que na natureza lá estarão outras folhas, mas essas folhas que recolhi, que serão depositadas ao solo, ritualisticamente, carregam seu significado de forma consciente e é essa consciência que trazemos para dentro de nós. Trazemos para nossa vida, essa sabedoria de transitoriedade continuada, circular, entendemos que um ano terrestre reflete uma realidade maior, e que cada estação nasce e morre todo ano, mas que sempre retornam, e assim somos nós, vivemos ao longo do ano aberturas e fechamentos, inícios e términos e estamos constantemente no movimento do findar e do recomeçar. Devemos ao longo da vida aprender a lidar com essa energia dançante, deixando partir o que já está desfalecendo e assim, abrir lugar para algo novo que vai chegar.
São na verdade aprendizados de morte e renascimento. São pequenas frações que nos fazem lembrar que essa vida é um fragmento de estação, somos agora, cada um de nós folhas verdes, presas a árvore da vida, e que ao chegar ao outono, cairão e terminada essa fase, repousaremos e renascemos para uma próxima. Quando morta a folha, sua desintegração no corpo da terra, ela não está visível para nós, mas, ela está plena de vida em essência, ela retornou a mãe e agora faz parte da grande geradora da vida, e após algum tempo ela vai renascer em mais uma folhinha filhote. É um sincrônico movimento entre dois mundos, os dois divinos, mágicos, os dois são caminhos que temos que percorrer, por quê? Bem, isso eu não sei, mas sei que assim é....... Isso, são o que chamamos de os mistérios, e sem eles que graça teria o desvendar gradativo do crescer.

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