Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

segunda-feira, 3 de março de 2008

Sou boa de cozinha .....


Sou boa de cozinha, melhor ainda, de apetite. Se cozinhar é uma arte, comer é um prazer, ambas as coisas se misturam, se enlaçam como amantes e,esse é um exercício nato em uma bruxa, simplesmente faz parte do caminho, cozinhar, mais ainda, e antes de tudo, é magia, assim como é, o escrever (já essa é uma arte que não domino bem!).
Dia desses resolvi cozinhar para mim, estranhou? Pois, não estranhe, existe cozinhar, e “cozinhar”. Eu adoro abóbora com galinha, as duas coisas juntas me fazem muito bem, uma alquimia deliciosa!
Então,comprei uma linda e redonda abóbora e pedi ao meu marido, o precioso favor de corta-la para mim e, ele foi mais longe, também cortou as fatias (se acham que isso não tem importância, é que vocês não sabe da história toda, mas essa é uma outra parte da teia, chamada vida da Lúcia...), vamos voltar as fatias...Minha intenção era simplesmente fazer galinha com abóbora, mas quando percebi eu estava fazendo a “minha galinha com abóbora”, daquele jeito “bruxesco” de cozinhar.
Quando estava eu em volta do fogão, meu marido chegou, e falei a ele o que estava fazendo. Disse a ele: - e aí! Está gostando de ver uma comida de bruxa, sendo feita? No que ele respondeu: - e tem comida de bruxa? Essa eu não sabia! E, como é comida de bruxa?
- Sim, Volnir. Tem comida de bruxa e eu estou fazendo uma.
Ainda bem que ele não disse, - mas não estou vendo nenhum caldeirão fervente com olhos, patas, ossos e sei mais lá o que, boiando por aqui! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
Comida de bruxa é aquela em que não há limites, não há padrões, comida de bruxa, é comida feita pela bruxa, para a bruxa. Não há receita, não há medidas, tem intuição, os olhos passeiam pela cozinha, miram temperos, ingredientes saltam como num passe de mágica e tudo vai para a panela realizar a dança do sabor, da cor, do cheiro.... a alquimia dos elementos, nada está ali por acaso, se analisarmos todos os ingrediente, teremos um tratamento completo, para o corpo, mente e espírito, e tudo isso sem que se perceba, tudo intuído, sentido, acontece.
É o mais puro exercício da magia, tanto é que gerou uma tradição dentro da bruxaria contemporânea (nossa! Escrevi bonito agora!), “as bruxas de cozinha”.
Tudo isso pensei enquanto respondi, “sim, existe”.
Saiu ele da cozinha e continuei eu com minha mágica mistura, sentindo o cheiro dos temperos e viajando no tempo.
Percebi, então, uma coisa, sempre achei que os “insights” que eu tinha cozinhava, se dava devido a concentração, muito mais do que isso, tendo eu que cozinhar todo dia, além de realizar os outros serviços domésticos, não sobra tempo para realizar meditação, viagens astrais, visualizações etc, em relação a isso, inclusive, tenho tristeza e culpa, tristeza, porque não tenho tempo para realizar minhas atividades e consequentemente desfrutar de todo benefício e sabedoria que poderia advir das práticas, culpa, porque fico eu pregando e ensinando, uma coisa que não realizo, sabem o tradicional ”faz o que digo mas, não faça o que eu faço?” pois é...resultado, tristeza, culpa, no mínimo isso. Contudo, nesse dia mágico, entendi, ou melhor, “recebi” a compreensão do que “realmente” ocorre.
Nesse entendimento, tive respaldo nas palavras de Osho, um trecho de seus ensinamentos, que achei bem interessante, e que em dado momento achei um exercício bem proveitoso de se fazer, apenas, apenas, não percebi que eu já o realizava! E como!
E é dessa forma que vivemos, um simples desejo de comer um alimento, gerou um entendimento que eu não havia tido, como conseqüência produziu uma cura.... de enorme proporção e, de quebra, ocorreu mais um entrosamento, entre eu e meu homem, mais uma troca de experiência, mais um passo no aprofundamento da relação.
Sabem por quê?
Sentamos à mesa e ele me surpreendeu com seu pedido. Me passou seu prato vazio e pediu que eu o servisse do meu jeito, ou seja, ele queria que eu colocasse em seu prato o que “eu” gostaria que ele comece.
Se eu queria, que ele comece minha comida de bruxa? Ora! Não existe prazer maior para uma bruxa, do que compartilhar! De que adianta o exercício da magia, se não existe um objetivo, um ideal à ser atingido.
Ele comeu minha comida de bruxa, não reclamou, não criticou...repetiu...pode não ser, como, não é sua maneira predileta de se alimentar, mas foi um ato de amor, respeito, consideração, mais um motivo para admirar o homem com quem divido a minha vida, e o melhor de tudo, não mais a vida do ser humano, social, mulher, Lúcia mas, a vida da bruxa Luma Elora Aislin, isso é uma benção! Uma grandiosa benção da Grande Mãe.
No meio do almoço, mesmo sem racionalizar, tudo que agora está aqui posto, mas por intuição e entrega, lhe agradeci, não pelo simples fato de comer a comida, mas pelo fato de que ele tinha me dado a idéia de um dos capítulos do meu livro.
E aqui estou eu dias depois, colocando essa prévia no papel e nesse momento me dando conta de tudo que aconteceu. A grandiosidade e a magia, do que seria um dia comum em minha vida. Um dia para ser lembrado e, registrado, porque dele extraí muito mais do que um simples prato de comida, que gosto de comer e, que a família não curte, “abóbora”.
Abóbora! Ela te lembra de alguma coisa? Mera coincidência? Não, não existem coincidências, tenho certeza que a magia do “ser abóbora”, sua linda cor solar, seu sabor adocicado, esconde muito do segredo do que aconteceu naquele dia.
Quanto a lua que estava no céu? Bem, eu ainda ontem estava triste, encimesmada, não havia realizado o esbá de lua cheia, muito menos cultuado a face crescente, que é a face, que traduz a minha personalidade mágica, sou uma bruxa de lua crescente, olhei na folhinha, dia em que a lua cheia entrou! Bem, estou feliz, muito mais que feliz! O esbá foi feito...apenas eu não sabia...e, o mais importante, alguém do outro lado do véu, alguém que habita estrelas, luas e sóis, alguém que dança com o vento, me ama e me protege sob seu manto.
Ligando tudo e mais uma “coincidência”, durante a face cheia, tive um “surto criativo” e escrevi o “Cântico à Deusa”, a última vez que escrevi algo parecido com um poema, foi em agosto de 2007. Coincidência?
Bem, para mim sincronicidade, por isso e, afinal “sou uma bruxa”!....E, de cozinha, também!
Bênçãos de luz e paz, em suas cozinhas!

Luma Elora Aislin
27.01.2008




À propósito, sabe onde estou agora? Sim! Na cozinha e, sim, cozinhando...são exatamente 13 hs e minha comida ficou pronta e, terminei aqui!
Bem, eu vou dispor as coisas na mesa e servir o almoço.
Se é galinha com abóbora? Não, é porco assado com batatas, rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrrs
Mudam os ingredientes, mas a magia continua!
Fui!
Voltei....
Ah! Hoje pela manhã, como de costume, li um pedacinho de algum livro, dos muitos que leio simultaneamente, então li sobre a meditação com a águia. Não escolhi, era a página seguinte da leitura de ontem.
A águia é a portadora da visão ampla, visão que nos permite realizar escolhas. Ter “visão de águia” significa obter conhecimento para que façamos sábias escolhas. Não tenho eu nenhuma dúvida, que apesar da simples leitura, o objetivo da meditação foi alcançado.
Entendi nesse dia de hoje que muito mais importante que traçar o círculo sagrado, que usar instrumentos, que invocar as energias e os Deuses, que enfim, ritualizar e realizar feitiços, é “viver” com magia, é honrar os Deuses e os elementos à cada respiração que se faça, cada passo que se dê, cada tarefa que se realize.
É claro, que a realização dos rituais servem , entre todas as outras coisas, justamente para isso, nos deixar nesse mágico estado de viver, e de sintonizar com os Deuses.
E a grande sabedoria da vida é perceber essa conexão e dela usufruir, em perfeito amor e com perfeita confiança, numa entrega diária e constante. Uma entrega plena, que no andar da carruagem, ou no acomodar das abóboras, para voltar ao tema, se traduz numa plena consciência do trilhar o caminho e a certeza de que, como diria, Paulo Coelho, se estar vivendo a lenda pessoal.
Sim, eu vivo minha lenda pessoal. Pode não ser bonita, agradável, mas estou fazendo o que aqui vim fazer.

Namastê
Blessed be
Luma Elora Aislin