Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

domingo, 16 de setembro de 2007

Escrevinhando II ( o um ficou imcompleto, como sempre!).



Um belo dia, não tão belo assim, você acorda, tem sol, mas não te aquece, porque o vento corta forte, barulhento e faz arrepiar tua alma, e teu corpo se contrai.

Neste dia o sol parece estar sem energia, ou então, muito longe, você olha o céu e pensa, até ele está indo embora, ou , até ele está se entregando, perdendo suas forças.

Um belo dia as coisas que eram para estar lá, não estão mais......e você questiona onde estava escrito que elas estariam, você localiza, estavam lá, nos seus sonhos.
Pensando nos sonhos cheguei, em um salto mental, embora deva ter cuidado, porque parece que até saltitos mentais bruscos devem ser controlados, pois senão minha cervical dói. Penso agora, que a respiração também deva ser suave, deslizes de respiração podem comprimir meu pescoço, afeee!!!
Voltando ao passado, mergulhada lá atrás, com as devidas precauções, cheguei no sonho, traduzo sonho como aquilo, que em um certo momento de sua existência, você quer, e acredita muito que aquele é o seu caminho, “aquilo”é o que você quer para si, “aquilo” é, enfim seu “sonho”, seu “ideal”, indo pela lógica da razão, aquilo é o que você irá realizar em “sua vida” (pelos Deuses, quantas aspas!).
Então, aí estou eu, mergulhada naquele sonho lindo, vibrante, o sonho dos meus sonhos, eu sinto o cheiro do tule....., não há bailarina, que não tenha metro de tule em seu vestir. Tules fazem parte. Sainhas cheias, franzidas, camadas e mais camadas, ou diáfanas, mais compridas,, sempre franzidas para rodar, fazer efeito, e que efeito! Ah! Que lindo o movimento das sainhas..... Faz parte, como as sapatilhas e as malhas, nada se iguala! ainda hoje, é para mim a roupa mais linda que um ser pode vestir, suas malhas de ballet.
Pronto! Aqui estou eu, no salto de agora, com as lágrimas nos olhos, a dor no coração, e a saudade, do que nunca foi.......
Como penso em construir uma vida, se me faltam os materiais? Tenho eu, que viver aqui, tenho eu, que realizar, me cobram, me cobro feitos, pleno exercício do viver, mas como? Se não há tules, sapatilhas, malhas, Tchaikovsky? Não há fotos, não há lembranças, não há nada apenas o sonho...e, a dor! (dor da saudade do que não houve).
Um belo dia, você vê, que faz anos que não dança mais. Sim, bailarinas dançam, precisam, necessitam. É inevitável, a música começa, o corpo acompanha, é instinto. E você busca o ontem, e perde-se por lá, porque não consegue mais nem visualizar qual foi a última vez que dançou.
Então, placidamente você percebe que não escuta mais música. Antes disso, você identifica, que num certo momento, trocou seu estilo musical, cessaram as músicas dançantes, pelas de meditação, pelas de aplicação de reiki, harmonização de chakras, pelas celtas, ouvidas como fundo litúrgico para rituais mentais, as canções que honram a Senhora, os elementos, a natureza, são sons de chuvas, ventos, mar, trovoadas, cantos de pássaros e por aí vai......e, tem os mantras!
E aí você percebe que não faz nem idéia da última vez que colocou seu CD de tambores, para confortavelmente, deitar e viver na mente, aquilo que sua alma, pede ao vivo e a cores, mas assim como o ballet, não acontece.
Mas, a mente vai, e com ela vai a alma, que bela, lá vai ela dançar em torno da fogueira, dançar o tambor e, na dança sentir a chegada do ser magnífico, que comunga com você, seus atributos, que tem como missão vivenciar momentos de contato, para que ambos evoluam, realizando tarefas que nem mesmo a consciência apreende. Não é preciso, quando em um ritual xamânico, você dança, integra seu animal de poder e juntos transpassam os mundos, algo será feito, algo de lindo, de mágico, mas algo será realizado!
Se for um animal de cura, ou um auxiliar, ah! que lindo! vocês irão partilhar sua união em prol de uma cura, seja sua ou seja para alguém....nunca falta a quem ajudar. Você já percebeu quantas pessoas doentes tem ao seu redor? Quantos motivos existem para que fogueiras sejam acesas, portais abertos, comunhão com energias, cujo objetivo de existência é exatamente esse, ajudar, auxiliar, emprestar suas virtudes, seus talentos para assim também evoluir?
Quando um xamã se nega a pratica do ritual, ele nega aos seus guardiões o exercício de sua tarefa. E Você aí, vai me dizer que não existem xamãs que se negam, que xamã é aquele que está lá no seu habitat natural, que xamã é que sai (agora, no bum da nova era, se desloca até as reservas, e vai aprender a trilhar o caminho vermelho, com o xamã tal, de tribo etc..., com todo o conhecimento ancestral do povo etc e tal. Que confortável mecanismo de castas..... é verdade, sim, é verdade sim, mas existe mais, existe entrelaçamento, existe “globalização”.
Cegos! De todas as tribos e continentes, atentem a realidade, a globalização terrena, essa, essa aqui, proporcionada pelos meios de comunicação, pela abertura de fronteiras, pelos meios de transportes, poder econômico..., em que agora estou aqui sentada escrevendo, em minha casa, mas amanhã, depois do avião, do dinheiro gasto e tudo mais, posso estar iniciando meu aprendizado, in loco, com o xamã “legítimo”, minha quarentena no deserto, de deuses sabem lá de onde, tomando sabe lá qual das plantas de poder, para alterar a consciência, para adentrar entre os mundos, e lá beber da sapiência, do enfrentamento, simplesmente levantar o véu, tomar ciência, aceitar ou não e seguir, então, a jornada da alma, enquanto espírito encarnado, agora reconectado ao recinto dos mistérios....
E, bem sei que, uns e outros enlouquecem. Vivências místicas aceleradas em rituais, fazendo uso de agentes amplificadores, as plantas de poder, tudo isso às vezes, ou melhor, no xamanismo, muito intenso, abrupto, sem degrauzinhos suaves, etapas cicatrizadoras.
Não, isso não faz parte do segmento, da energia ancorada na dimensão dos trabalhadores místicos do orbe terra, ditos xamãs, caracterizados pela raça vermelha. Raça vermelha? Hindus são vermelhos? Esquimós são vermelhos? Siberianos são vermelhos?
As pessoas querem adentra as dimensões místicas astrais, ainda separando raças, locais, culturas, religiões, panteões! E, ainda brigam por isso! Discorrem um falatório bonito e formal, denotam um conhecimento antropológico, filosófico, histórico, esotérico, genial! Eu fico pasma de ver! Sinto me pequenina, inculta, pelos Deuses! as vezes tenho realmente a sensação de minha ampla ignorância!
Ah! eu que estou aqui, me dando conta de tantas coisas óbvias, trazendo ao meu consciente, o motivo da amargura do inconsciente.
É que, um belo dia, dançar, mesmo que em casa, sozinha, escutando minhas músicas e fazendo meu serviço, já não faz mais parte de mim. Assim fica claro que dançar em pista de danças, salão de baile e sei lá onde mais, saiu muito antes.
Saiu a dança da minha vida!!!
A música está saindo da minha vida!!!
Socorro!!!
Vamos mudar de assunto?
Existem prazeres simples, mas muito gostosos, como comer frutas cítricas(laranjas e bergamotas) bem sentadinha, em uma gostosa tarde de inverno, no solzinho da tarde, quentinho, acolhedor.
Um belo dia descobri que, não como mais frutas, muito menos sentada, lagarteando no sol de inverno.
Um belo dia descobri que, não fico mais dois anos fazendo o mesmo tricô, que por errar, desmancho, e lá se vai a estação, descobri que talvez faça dois anos que não pegue a sacola do último tricô começado.
Descobri que, as últimas e poucas plantas que restam no interior de minha casa, estão morrendo e também descobri que as que existem, e são poucas, faz muito tempo que não colocam folhas novas..... violetas? Bem, elas morreram e a última que sobrou, só tem algumas poucas folhas sem vida, como se ali estivesse só para me agradar e não me deixar só.
O toque mágico da existência, existe atualmente um vasinho de violetas com flor (branca com bordas roxas), que ganhei do meu amor, no dia dos namorados. Preciso não deixá-la morrer!
Descobri que tem chovido muito,mas faz muito tempo que fiz sessão matinê, ver filme à tarde, com uma bacia de pipocas e um gostoso chimarrão. E bolinhos de chuva? Bem,acho até que esqueci o gosto.... Descobri um belo dia, que perdi as contas dos livros iniciados.....se bem que, esses meus companheiros, ainda sinto o sabor triste da saudade, quando se chega a última página, nesse último ano, acho que fiz isso uma 7 ou 8 vezes (muito pouco, antes eram um por semana, às vezes mais, às vezes menos). Deles, ainda não consegui desprender, e há a leitura na net.

Um belo dia descobri que, não há mais amigas para reunir em casa, tomar chá, chocolate, chimarrão e jogar conversa fora, tricotando ou fazendo crochet.

E pensando nelas, descobri estarrecida, que no último verão não fui a beira da lagoa, nem um único dia pela manhã. Um verão seco, com dias de sol intenso, temperaturas de às vezes mais de 35ºC.... e, então, eu descobri que não sei qual foi a última vez que caminhei, tranquilamente pela beira da lagoa....
Isso no verão, no inverno, bem no inverno, só sei pelo ônibus, que a lagoa está um lindo e prateado espelho.


E talvez um dia, eu volte para escrever mais escrevinhandos!

Xadai!
LumaEloraAislin.

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