Luma Elora Aislin

Luma Elora Aislin
Sabá de Ostara

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Doçura, mensagem que ganhei de um amigo............



"DOÇURA"

Doçura é a maestria dos sentidos.
Olhos que vêem o fundo das coisas, ouvidos que escutam o coração das coisas, boca que fala a essência das coisas.
Doçura é o resultado de uma longa jornada interior ao âmago da vida e a habilidade de lá descansar e assistir.
O que é realmente doce nunca pode ser vítima do tempo, porque doçura é a qualidade da pessoa cuja vida tocou a eternidade".

Brahma Kumaris

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Um pedaço de mim, que ofereço a vocês.


Eu sou aquilo que expresso ser, e aquilo que guardo no interior de meu ser. Sou por vezes indefinível, tantas outras previsível, uma banal criatura.

Nasci, nesse tempo do hoje, mensurado pelas três dimensões da matéria, uma mulher...... como mulher, pari dois amados seres, meus filhos! Jamais meus seres! Ainda aqui, carrego comigo, ao meu lado, um ser amado, meu homem, meu companheiro.

Tenho nessa vida a companhia de muitas almas irmãs, onde nos amamos, misturamos nossas alegrias e secamos nossas lágrimas, uns aos outros, com o coração exaltado de prazer, porque sabemos que, temos uns aos outros, somos partilha!

Sou simples, sou pequena, sou pena e rocha. Amo a natureza, nela tenho meu alimento, minha alegria, o motivo para continuar, mesmo dentro de infinita saudade de um lugar que lá está...

Reverencio Deuses, honro elementais, me encanto com flores, com animais.

Choro muito, sinto falta, dou gostosas gargalhadas...

Sou atrapalhada, danço a coreografia da vida às vezes com graça, às vezes com dor.

De todas as coisas que amo, amo com maior intensidade o próprio amor, como fim único, como meio de agir, como início de jornada... como religião, o religare! O amor! Onde nada acontece, se o religare não religar o que se vê, ao divino interior. Jamais o contato com a divindade externa se dará, se a divindade interna não se descobrir.

Tenho dois textos, no perfil de meu orkut, que me descrevem muito bem, duas formas, duas medidas.

Porque sou bruxa, sacerdotisa devota da Deusa, sou poeira cósmica no mar do universo, lagoa serena e mar revolto, manto negro da noite, luz de estrela no céu.

Meu nome me define, meu nome composto que abarca o ocidente e o oriente, um se traduz em luz e o outro em pureza, como bruxa a forma unida, primeira sílaba de um, última de outro, daí Luma, reforçado por Elora, que ser Luz, Aislin, o sonho...

Aislin, o nome me ofertado, o nome da Senhora da fadas.Isso se traduz em sou pequena luz, que sonha em iluminar teu coração, e que minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor, e a outra metade.....também!
Luma Elora Aislin

Perdidos nas brumas




As brumas densas...........
E as brumas desceram sobre nós...
Rarefeita no princípio, densa no fim,
assim envolvidos ficamos...
e, no tempo dos tempos, paramos.

As brumas densas...
Esconderam nossas verdades,
nossos sonhos foram velados,
as emoções se fizeram saudades,
no coração, os sentimentos calados.

Então, nas lembranças...
O mar das brumas se fez em nós...
a magia encantada, foi-se assim,
da dimensão do arco-íris, separados fomos,
nossas almas esqueceram o que existimos.

Evocamos! Esquecer a mudança...
Assim, no tempo mítico existiu.
um templo sagrado de enlevo,
espaço divino, que se partiu,
da montanha tênue, só o relevo.

Temos, então, a esperança...
De uma realidade perdida,
que tentamos relembrar,
quando em círculos, nossa mão unida,
faz, a luz, nos teus olhos procurar......

Luma Elora Aislin, 20/08/07

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pequeno pensamento sobre a auto estima.




Penso ser a auto estima o substrato do viver, quando temos auto estima nosso viver cresce forte, com substância, com vigor. É quando observamos aquelas pessoas brilhantes, que vivem intensamente cada momento, apreciam coisas ínfimas, dão gostosas gargalhadas com uma piada de 20 anos atrás, que já ouviu trocentas vezes, mas e daí, se é engraçado, é para rir! E, elas riem com um vigor, um calor, que aquele riso se esparrama, te contagia, te faz rir, mesmo sem nem saber da piada, e depois quando te observas, estás leve, sereno, feliz!

O poder da auto estima é o de deixar que se desenvolvam as qualidades do espírito, para que, essas possam curar os bloqueios, os desafios, por isso se diz que não há cura, enquanto o doente não querer a cura da doença, enquanto ele não quer se curar! E, observando todas essas almas, nota-se, invariavelmente a falta de auto estima, eu não me estimo, não tenho direito a ter prazer, alegria, saúde, amor, respeito, isso se repete como mantra, muitas e, na maioria das vezes, a nível inconsciente, por fora há uma capa, uma máscara de satisfação, de realização com a vida, mas se observarmos de perto, para dar um exemplo, são aquele tipo de pessoas, que tem fome, sente a fome, abre a geladeira, que está abarrotada, vai nos armários, sabe-se lá onde mais, olha em volta com aquele ar enfastiado e diz: Quero comer! Estou com fome, mas não sei de que! Não consigo saber o que quero comer! Olha para a mulher e diz alegremente : Vamos jantar fora querida! E essas insatisfações se repetem, mudam os cenários, os graus, maiores ou menores, mudam os cenários, do teatro da vida humana, mas a essência é sempre a mesma..........O VAZIO, que se instala, lenta e sorrateiramente! A auto estima é um substrato onde adubamos com carinho, e aí plantamos os temperos da vida, a paixão, a alegria, a leveza, a solidariedade, o companheirismo, o dividir.......

Bençãos de luz infinita, e que o mundo possa encontar mais auto estima, mas de ante mão já aviso! Não está à venda nem na mercearia da esquina e muito menos na Quinta Avenida em NY. A auto estima está bem aí, dentro de ti, dentro de mim, é um dos primeiros tesouros........acho que ela é um pózinho mágico que está no fundo do Gral.


Luma Elora Aislin.

sábado, 11 de agosto de 2007

13 de Agosto dia de cultuar à Hécate, a Deusa das Encruzilhadas


AS TRÊS FACES DE HÉCATE
Hécate é o arquétipo mais incompreendido da mitologia grega. Ela é uma Deusa Tríplice Lunar vinculada com o aspecto sombrio do disco lunar, ou seja, o lado inconsciente do feminino. E, representa ainda, o lado feminino ligado ao destino. Seu domínio se dá em três dimensões: no Céu, na Terra e no Submundo.
Hécate é, portanto, uma Deusa lunar por excelência e sua presença é sentida nas três fases lunares.
A Lua Nova pressupõe a face oculta de Hécate, a Lua Cheia vai sendo aos poucos sombreada pelo seu lado escuro, revelando o aspecto negativo da Mãe. E a Lua Minguante revela seu aspecto luminoso. É preciso morrer para renascer.
Esta Deusa ainda permanece com o estigma de ser uma figura do mal. Essa percepção foi particularmente consolidada na psique ocidental durante o período medieval, quando a igreja organizada projetou este arquétipo em simplórias pessoas pagãs do campo que seguiam seus antigos costumes e habilidades populares ligados a fertilidade. Estes indivíduos eram considerados malévolos adoradores do "demônio". Hécate era então, a Deusa das bruxas, Padroeira do aspecto virago, mas nos é impossível termos uma imagem clara do que realmente acontecia devido às projeções distorcidas, aos medos íntimos e inseguranças espirituais destes sacerdotes e confessores cristãos.
Em épocas primevas, antes do patriarcado ter se estabelecido, é mais fácil descobrir a essência interior do arquétipo Hécate e relacionar-se com ele. Hécate está vinculada com as trevas e com o lado escuro do Lua. A Lua, na verdade, não possui luz própria. A luz que se projeta na Lua é a luz solar. Logo, a Lua Cheia é a Lua vista pela luz do Sol. A Lua Nova Negra é, portanto, a verdadeira face da Lua.
Hécate costuma ser considerada uma Deusa lunar tríplice: Àrtemis (a Lua Cheia), Selene (a Lua em várias fases), Hécate (o lado negro da Lua Nova). Ou, como as forças da Lua em vários reinos: Selene no Céu, Ártemis na Terra e Hécate no Mundo Inferior.
Hécate seria então, uma projeção de Ártemis, pois a luz pressupõe a sombra. O lado visível da Lua, o lado de Ártemis, que reflete a vida em pleno vigor, pressupõe o lado de Hécate, o lado oculto da lua, o lado da sombra e da morte; a polaridade negativa, o impedimento para a realização, o lado inconsciente.
O perigo que pode ocorrer quando esse lado sombrio se constela é o de que a energia psíquica seja posta a serviço da morte e da doença.
Hécate nos revela, os caminhos mais escondidos e secretos do inconsciente, os sonhos guardados, o lado dos desejos mais ocultos. A Lua Crescente, com suas fases clara e escura, também nos sugere esse domínio do feminino..
O lado de Hécate ainda, traz um potencial para a fertilização, desde que seja encaminhado para este fim. A doença pode ser uma via para a saúde e a morte para servir de adubo para a vida.
O feminino tem um movimento livre dentro do reino oculto. O terreno da magia pertence ao feminino. O masculino está ligado aos aspectos mais claros, mais visíveis, mais objetivos. O campo de ação da ciência pertence ao reino masculino.
Hécate é a Deusa que pode conduzir aos caminhos mais difíceis e perigosos, aos abismos e às encruzilhadas da própria psique. A sua função é de guia dentro do reino oculto da alma.
A Terra é o grande inconsciente uterino de onde brota toda a semente. É também o lugar para onde tudo retornará. Nesse inconsciente ctônico a vida e a morte coexistem em um mesmo processo cíclico. Deste modo, o "ser" e o "não ser" podem viver sem conflito.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Uma linda lenda sobre a criação do inverno.




Quem Trouxe O Inverno Sem Fim Para A Terra?


Noroeste do Pacífico



Uma vez, não muito tempo atrás, o inverno veio e ficou.
Sob o gelo imóvel do rio congelado, a água estava despovoada.
Ali, já houvera peixes, mas todos foram apanhados e consumidos.
Havia fome nas tendas. Os ventos da primavera não aqueceram aterra. Os dias não tinham se tornado mais longos.
A cada manhã, enquanto o sol erguia-se tardiamente no céu, os anciãos da aldeia trocavam olhares, querendo saber quando a primavera finalmente chegaria. Todos os dias, as mães escavavam a neve, à procura do único alimento possível: brotos e folhas que, quando misturados, tinham sabor semelhante a serragem e remédio, mas, mesmo assim, pareciam ter um gosto bom para pessoas esfomeadas.
As crianças estavam com muita, muita fome. Os anciãos, contando os dias, sabiam que era junho. Mas a neve do chão continuava unida ao gelo do rio. À noite, ventos violentos sacudiam as tendas de couro, enquanto as crianças se apertavam em seus cobertores de pele, tentando ignorar a dor em seus estômagos.
Em julho, havia tanto gelo e neve como se fosse dezembro. Por fim, uma assembléia foi convocada e realizada na casa da mulher mais velha. Um por um, os anciãos entraram na tenda, formando um círculo ao redor da pequena fogueira.
- Qual – perguntou o ancião mais velho – é o motivo para o inverno perdurar por tantos meses em nossa terra?
Todos fizeram silêncio, olhando fixamente para o fogo e vasculhando suas memórias. Sabiam que algo perturbara os espíritos da terra. Alguma coisa provocara esse castigo. Mas, o quê?
Os anciãos ficaram sentados com os olhos fechados e enrolados em suas mantas de pele, enquanto se concentravam na questão. Aqui e ali uma testa ficava ainda mais enrugada.
Uma hora passou em silêncio. Então, uma voz velha falou baixo:
- Um pássaro foi morto.
Os anciãos não se mexeram, mas seus olhares se dirigiram para o velho que havia falado.
- Um inverno sem fim é resultado da morte desnecessária de um pássaro. – ele continuou.
Lentamente, os anciãos começaram a relaxar. Eles se olhavam aquiescendo levemente com a cabeça. Sim, era isso! Era um acontecimento tão raro que ninguém se lembrava do último incidente, mas todos tinham ouvido a história, vagamente, anos atrás, em suas juventudes.
Alguém da vila matara um pássaro. E encontrar o responsável seria o único modo da primavera chegar.
Um por um, cada membro de cada família foi chamado. Cada um disse aos anciãos:
- Eu não matei nenhum pássaro, exceto para comer.
Primeiro, vieram os caçadores: nenhum deles tinha cometido oi crime. Também, nenhuma das mães o admitiu. Uma por uma, as crianças também o negaram. Cada um disse as palavras imprescindíveis: “Eu não matei nenhum pássaro, exceto para comer”.
Finalmente, uma menina deixou escapar:
- Eu não matei nenhum pássaro, exceto para comer... mas, Wakanee sim! Eu vi!
Os anciãos se olharam sombriamente. Wakanee era uma garota de olhar brilhante, a única filha de seus pais. Ela foi chamada para o conselho dos anciãos. Chorando, admitiu o crime.
- Eu não pretendia fazer isso! – tentou explicar – Eu estava arremessando pedras e uma delas atingiu o pássaro e ele morreu.
A família de Wakanee se enrijeceu de tristeza. Seu pai olhou tristemente para sua esposa. A mãe de Wakanee cerrou seus punhos, mas nada disse, nem para sua filha, nem para os anciãos.
Calados, os pais deixaram a tenda, retornando poucos minutos depois com Wakanee vestindo suas melhores roupas: um par de mocassins macios bordados com espinhos de ouriço, uma saia quente de couro e uma blusa de franjas com contas. Eram roupas de festa, mas Wakanee, com lágrimas escorrendo por sua face, sabia que nenhuma festa esperava por ela.
Alguém começou a cantarolar tão pesarosamente quanto o vento que açoitava as tendas todas as noites. Os pais de Wakanee removeram as lindas roupas de festa. Ela não ofereceu resistência.
Em seguida, as pessoas caminharam, uma por uma, para a margem do rio, através da neve esmagada. A mãe de Wakanee caminhava calada ao lado de sua filha.
Na margem, onde a neve encontrava o gelo, um dos anciãos aproximou-se de Wakanee e colocou as mãos sobre os seus ombros. Todos se curvaram. Lágrimas escorriam do canto de muitos olhos.
Wakanee tinha parado de chorar, pois estava muito assustada para isso. Não sabia o que iria acontecer, mas estava com medo. Ela estava tensa e pálida sob as pesadas mãos do ancião.
O ancião levantou as mãos e os olhos, apontou para o gelo. Wakanee não entendeu e continuou imóvel, olhando para o ancião. Ele apontou novamente, nada dizendo. Wakanee compreendeu que ele dizia para ela caminhar para o rio congelado. Ela vira as pessoas caminhando pelo rio por todo o inverno. Isso não a assustou. Então, ela começou a caminhar.
O rio era muito largo naquele ponto, fazendo com que Wakanee demorasse a atingir o meio. Ali chegando, virou-se e olhou para a pequena aglomeração de pessoas reunidas na margem.
Ela começou a levantar a mão para acenar.
Um repentino estrondo foi ouvido e num instante a primavera chegou. O gelo do rio foi, de repente, carregado por correntes violentas, levando Wakanee para longe das pessoas reunidas na margem.
Na aldeia, toda a neve derretia e escorria torrencialmente para o rio. Os pássaros chegaram em uma profusão de cantos. As árvores brotaram e se encheram de folhas em um único instante. Do solo vazio, plantas nasceram e floresceram.
A transformação do inverno fora de época levou apenas um momento. Os aldeãos ficaram sem fôlego, atordoados e extasiados pela velocidade da chegada do verão. As crianças correram para as florestas, sorrindo, para colher morangos.
A mãe de Wakanee caminhou lentamente para casa com o marido ao seu lado. Eles reconheciam a justiça na punição da filha. Ficaram contentes pelos outros, pois novamente havia comida para os alimentar. Mas sofriam, pois não tinham outros filhos. Eles envelheceriam solitários.
O verão passou serenamente, embora a aldeia sentisse a falta da alegre menina que tinha desaparecido no gelo partido. Os rios estavam cheios de salmão. As pessoas pescavam mais do que o suficiente para o inverno, algumas secando e estocando o precioso óleo em caixas de madeira. Havia muitos frutos: mirtilos carnudos, suculentas framboesas e amoras. Havia comida suficiente para dois invernos. As pessoas juntavam o que precisavam e armazenavam uma parte para tempos mais difíceis.
O inverno chegou mais tarde naquele ano, como se para compensar sua longa permanência da última vez. E quando chegou, veio de mansinho. Os ventos do mar sopraram frios na aldeia por muitas semanas antes dos picos das montanhas ficarem brancos. E a neve que chegou atrasada, não durou muitos meses. Mal deu para a passagem daquela estação antes que a primavera voltasse novamente.
O rio arrastava grandes pedaços de sua cobertura gelada. Flutuando em direção ao mar, os icebergs se derretiam. Às vezes, um iceberg realmente grande passava próximo à margem do rio e os aldeões sorriam, felizes por verem o inverno desaparecendo rapidamente.
Um dia, entretanto, um bloco de gelo, passando rapidamente rio abaixo, prendeu-se numa raiz exposta de um enorme cedro, nas proximidades da aldeia. Houve uma grande agitação, pois quando as pessoas tentaram retira-lo, viram, em seu interior, o corpo congelado de Wakanee.
O corpo da menina deveria ter sido carregado para o mar no inverna anterior. Ninguém conseguia explicar porque ele estava ali, tomando o caminho errado pelas águas. No entanto, quebraram o gelo, puxaram o corpo da menina para a margem e o carregaram solenemente para a aldeia. Ela era, depois de tudo, uma heroína. A menina morrera para salvar sua aldeia. Seu crime, eles sabiam, não fora intencional, mesmo assim, ela sofrera terrivelmente por isso.
Mal chegaram com o corpo na aldeia, um rubor lentamente se espalhou pelas faces de Wakanee. Sua mãe saiu correndo ao encontro da filha. Wakanee deu um grande suspiro, o som da respiração indo para os pulmões vazios por mais de um ano. Então, abriu os olhos.
Ao levantar os olhos, viu os aldeões olhando-a fixamente. Ela se encolheu em um canto e respirou profundamente outra vez. De todos os cantos da pequena aldeia, as pessoas corriam para vê-la.
Ela se levantou e falou para a anciã mais velha da aldeia, pois o homem que a enviara para o gelo morrera no inverna anterior e essa mulher era, agora, a mais velha dentre os anciãos.
- Avó – ela disse -, eu retornei!
A velha mulher confirmou com um aceno da cabeça.
- Eu aprendi muitas coisas que serão úteis. – disse Wakanee.
A velha mulher confirmou com a cabeça novamente.
-Eu devo ter minha própria tenda e um caçador para caçar para mim. – Wakanee finalizou.
A mulher confirmou novamente, olhando através do círculo de aldeões para um jovem homem, um bom caçador. Ela lhe acenou com a cabeça e, depois, para Wakanee.
- Cuide disso. – ela disse.
Wakanee viveu como um ser sagrado, pois entendia o inverno e lia seus sinais. Quando o céu se enchia de nuvens escuras e finas, ela podia dizer se a neve estava ou não chegando. Ela conhecia as espessuras do gelo através de sua cor azulada, a resistência da camada congelada do rio sob seus pés e os locais em que a neve atingiria os frutos de inverno. Quando os dias se estendiam, podia dizer se o inverno estava partindo ou se persistiria apesar da primavera precoce.
Mais que tudo, aprendeu a linguagem dos pássaros. Quando um bando de gansos voava alto no céu indo para o norte ou para o sul, ouvia suas discussões sobre o tempo. Ela conversava com pardais, aprendendo onde frutos suculentos poderiam ser encontrados. Até as corujas conversavam com ela, compartilhando sua grande sabedoria.
Wakanee conhecia todos os segredos do inverno, pois ele a fizera sua filha naquele terrível ano. E, também todos os segredos dos pássaros, pois, tendo pago por seu crime, eles a adotaram como sendo uma deles.
E, assim, ela viveu, como única dentre seu povo, compartilhando com eles sua sabedoria duramente obtida.